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quinta-feira, 31 de março de 2011

A Segurança que ninguém quer ver


Ao longo dos anos quem trabalha acaba entendendo na prática e a duras penas aquela velha estória que explica a valorização do ovo da galinha em detrimento ao ovo da pata. Nestes 15 anos de prevenção de acidentes tendo a oportunidade de desenvolver atividades continuamente no chamado chão de fábrica e ao mesmo tempo participar e acompanhar os grandes debates relativos da área entendo que há necessidade de urgentemente juntar as duas prevenções de acidente – ou seja – a prevenção do dia a dia – feita pelos chamados SESMT e a prevenção teórica discutida e tratada por aqueles que mesmo com muita boa vontade e conhecimento pouco ou nada conhecem sobre a realidade desta área. Esta dicotomia – que em nosso pais não é um privilegio da área prevencionista - ao longo do tempo prestou uma serie de desfavores que por fim veio a atingir mesmo aos operários contribuindo em alguns casos para a involução da segurança e saúde no trabalho. Não creio que de fato exista de qualquer uma das partes algum tipo de intenção de causar danos, vejo mesmo até certa boa vontade – no entanto longe vai o tempo onde apenas boa vontade tinha algum valor.

Independente do que venha acontecer no futuro – neste momento difícil de precisar já que as negociações relativas a NR 4 ainda encontram-se em temas de fácil acordo – é importante que nos – os profissionais que conhecemos a esquina onde a prática encontra-se com a teoria  estejamos atentos acima de tudo como especialistas e  como cidadãos para que não se faça deste segmento algo inviável e especialmente que não se remeta a questão da vida e saúde para um campo de interesses nebulosos. Notoriamente, os problemas de segurança e saúde no Brasil não estão na legislação – reconhecida pelas vozes e mentes mais conscientes da comunidade prevencionista deste pais como moderna e adequada. Difícil supor que as nossas NR não cumpram seu papel, quando na verdade em boa parte dos locais de trabalho elas não são cumpridas. Sabemos – não por informações e notas – que nas empresas onde os programas de segurança são efetivos – e estes elaborados a partir das NR – o índice de prevenção mostra-se em muitos casos superior ao obtido em paises do chamado primeiro mundo mesmo que tenhamos por aqui máquinas obsoletas e outras condições um tanto quanto complexas. Com certeza podemos dizer que é verdade que o modelo do SESMT do Brasil deu certo mas é claro que não nos referimos a teoria do SESMT e sim a sua aplicação na prática e por toda sua extensão. Penso que seja preciso coragem para partirmos em direção a um estudo onde seja possível mostrar a evolução da prevenção em dois modos distintos, sendo o primeiro no segmento de pouco menos de 2 % das empresas instaladas no Brasil que mantém o SESMT e o segundo nas demais empresas. Dizer ou afirmar que o SESMT não contribuiu ou contribui para a melhoria das condições de segurança do trabalho em nosso pais sem que seja feita esta avaliação é algo pelo menos tendencioso e sem qualquer validade estatística.
Tenho em mãos as estatísticas de 12 grandes empresas que atuam no Brasil. Sem exceção em todas elas os números mostram que alguma coisa mudou. Numa comparação simples fica fácil entender que estas empresas tal como outras tantas ao longo dos últimos estiveram expostas a todo tipo de pressão dos fatores externos. De diferente, encontro apenas que estas empresas cumprem a NR 4 e mantém em seus quadros grupo de profissionais prevencionistas atuantes. Obviamente sei também que estas empresas passaram na ultima década por alguns momentos com problemas relativos a prevenção. Estudando os casos, encontramos momentos da história da relação capital – trabalho que tiveram forte influencia, casos como a abertura com poucos critérios das terceirizações por exemplo. Vale aqui citar a situação pela qual passa uma grande e conhecida empresa nacional – que no passado recente era referencia em termos de prevenção de acidentes mesmo quando comparada com outras similares do chamado mundo moderno. Até onde sei desde muito a atividade desenvolvida por esta empresa enquadra-se no rol das atividades industriais de maior risco, mas também sei que durante muito tempo não se tinha noticias de acidentes mais graves em suas instalações.

É fato – possível de constatação quando estudado – que nas empresas onde o SESMT foi estabelecido o padrão de segurança e saúde ampliou-se e consolidou-se. Tal constatação pode ser feita com facilidade desde que levado em conta o bom senso.

O QUE NINGUÉM VÊ.

Alguém precisa dizer para algumas pessoas menos avisadas que estamos no Brasil. Esta é uma premissa essencial para qualquer debate que queira ter a seriedade como base. Alguém precisa um dia falar com seriedade sobre as coisas que fazemos aqui e deixar de vez por todas de tentar impor que ou adotamos modelos externos ou não sobreviveremos. A prevenção de acidentes brasileira é com certeza uma das áreas que mais evoluiu nas ultimas décadas. O formato dado ao SESMT, CIPA e outras iniciativas tomadas nesta direção é compatível com a cultura de nossa gente, com a necessidade de estabelecer um processo educativo e cultural capaz de corrigir erros grosseiros na nossa estrutura porquanto sociedade industrializada. Não quero dizer com isso que tal estrutura ou modo de gestão para o assunto deva ser definitiva – creio que um dia chegaremos ao tempo onde de fato como em tudo na evolução tenhamos necessidade de rever o modo atual. No entanto, no presente momento de nossa história mudar este modelo é pelo menos temeroso. Primeiro porque não temos ainda no seio de nossa sociedade uma cultura mais arraigada com relação ao real conceito de saúde. Vivemos ainda num pais onde é possível a troca de saúde por adicionais e isso ocorre num momento econômico onde tais adicionais fazem muita diferença nos ganhos dos trabalhadores. Apenas este fato por si já demonstra a imaturidade de alguns envolvidos na questão e nos levam a ter duvidas de como irão portar-se caso tenham para si a responsabilidade de tratar o assunto. Ora, é preciso que fique claro – em especial para aqueles que distante de tendências queiram de fato entender o assunto – que não foi e nem é o SESMT que se empenha para a manutenção e obtenção destes adicionais – antes – ao longo dos anos os SESMT se empenharam e tem conseguido trabalhar em prol da eliminação dos riscos. Isso é um fato palpável em muitas empresas por todo o pais e em alguns casos com soluções de tal forma criativas que já há algum tempo vem sendo adotadas em outros paises que se espelham na nossa Engenharia de Segurança para encontrar soluções para seus problemas.

Questão de prevenção de acidentes no Brasil, passa como todas as demais questões estruturais, como assunto que carece de ser olhado com seriedade. Quando deparamos com as noticias de acidentes fatais nos jornais que lemos chama a atenção uma questão das mais interessantes: Não falta know how para que tais acidentes sejam evitados – a grande maioria deles ocorre pela inobservância de questões primárias da prevenção. A maior condição insegura deste pais é a certeza da impunidade que tem lugar comum ao lado de todas as demais barbáries que vemos. É certo que por todo mundo acidentes – situações inesperadas ou não programadas – ferem, mutilam e matam. Mas também é certo que há muito tempo nos paises evoluídos acidentes como o que vemos em nossos noticiários deixaram de ocorrer na quantidade que ocorrem por aqui. Isso já é uma realidade dentro das empresas onde os SESMT atuam e de certa forma cumprem o papel da autoridade. Nos demais locais de trabalho – de onde as autoridades e a justiça mantem-se distantes não seria a falta do SESMT algo a ser pensado ?

Ontem li nos jornais o caso de mais um acidente fatal, onde o trabalhador veio a cair de uma obra de um prédio em SP. Na própria noticia – escrita por alguém que não tem qualquer conhecimento mais profundo de nossa área – está explicito que o empregado não tinha qualquer tipo de equipamento de segurança. Todos os dias tomamos conhecimento de casos assim, mas há muito tempo – se prestarmos atenção – não temos mais noticias deste tipo – ocorridos dentro de empresas de grande porte. Será que os telhados e fachadas destas empresas  - algumas delas com mais de 4 mil empregados em constantes obras, tem alguma diferença destas que encontramos em cada esquina deste pais ?

Parece-me simplório demais não querer ver a realidade. Seria importante que neste momento estivéssemos discutindo – como há uma proposta em estudo – a universalização do SESMT. Tratando disso com certeza estaríamos prestando um grande favor ao pais e sua gente. Pode ser que isso incomode alguns segmentos – sem o profissional especializado para dar parâmetros ao debate – a tratativa das questões de segurança e saúde podem ser conduzidas sem qualquer critério para o campo do negocio onde na maioria das vezes não há qualquer interesse real pela saúde e segurança das pessoas. No entanto – e preciso que aqueles que tanto defendem os modelos vindos do exterior tenham coragem de dizer que em muitos paises modernos do mundo isso é uma realidade. Dia destes, auxiliando  na tradução técnica  de uma auditoria de um sistema de gestão vinda de um destes paises constatei que a primeira pergunta era exatamente quanto ao estabelecimento receber algum tipo de suporte especializado sobre segurança e saúde – isso independente do numero de empregados ou grau de risco. Tal questão – em meio a uma calhamaço de questões relativas a certificação para um dado sistema, quando não atendida, implicava na não certificação.

Eis ai mais uma questão que ninguém quer ver: onde ocorrem os acidentes do trabalho no Brasil ? Nas empresas com SESMT ou nas 98 % das empresas que não tem qualquer tipo de cobertura especializada ?  Não é preciso estatística, basta ler jornais todos os dias. Basta participar de grupos sociais de sua comunidade e lamentavelmente constatar que o grupo de mutilados e inválidos já não passa desapercebido. Basta tomar ciência que em SP criou-se a Associação das Viúvas de Mortos por Acidentes na Construção Civil. Dê uma volta no quarteirão de sua casa e veja quantas obras encontra sem qualquer cuidado de segurança.

OS CAMINHOS DO FUTURO


Os caminhos que hoje vemos pela frente, no meu entendimento não se mostram consistentes a ponto de levarem a todas as mudanças sobre as quais ouvimos falar. Tentar colocar num mesmo momento o fim do SESMT dentro das empresas e a privatização do seguro acidente e ir de encontro a uma realidade que vai causar muitos problemas. Hoje, todas estas deficiências e buracos que vemos no modo de gestão do assunto em muitos casos acabam não onerando a empresas devido a postura paternalista e sem gerenciamento da previdência pública. Com isso quero dizer que parte do buraco deixado pela ausência e falta de atuação do prevencionista nas empresas é assumido e pago pelo Estado deixando parte do empresariado sem muitas preocupações com o assunto. Em suma, é possível não pagar pela prevenção porque também não se paga pela falta dela. No entanto, no momento em que estivermos diante destas seqüelas tratadas como parte de um negocio – que como todo negocio deve dar lucro – estaremos diante de um grande centro de conflitos. Penso que pouca gente se deu conta disso. Para garantir menores custos com seguros as empresas irão precisar mais do que nunca do SESMT e a retirada deste dos locais de trabalho – seja pela criação do suposto SEST Coletivo ou algo assim – será mais uma grande desfavor ao cidadão que ao final de tudo estará mais vez – se o rumo das coisas não for mudado – arcando com o repasse dos custos nos produtos – para pagar pela falta de condição de segurança nos locais de trabalho. Ou seja – a mudança do seguro acidente e o afastamento simultâneo do SESMT dos locais de trabalho – serão pagos com certeza por todos nós.

Para evitar isso – que com certeza será a saída encontrada – há necessidade de trabalharmos a transição do modelo atual do SAT para o privatizado com a manutenção e ampliação dos Serviços Especializados em  Segurança e Saúde. Talvez seja este o modelo correto para o Brasil.

Portanto, cabe-nos contribuir – tanto pelos interesses da prevenção essencialmente dita, como pelos interesses gerais do pais, para que o debate hoje em curso sobre a NR 4, encontre resguardo na contribuição que conduza a decisão ao interesse geral. Nenhum debate ou nenhuma decisão que não leve em conta as questões culturais – seja do empresariado – seja do trabalhador – irá de encontro a soluções e propostas que façam frente a realidade.

Neste momento, o papel do prevencionista como quem pode oferecer subsídios para um debate mais realista – torna-se de suma importância. Precisamos dizer a comunidade em geral, aos grupos sociais organizados e as cabeças que dirigem este pais – sem fazer aqui trocadilho – o rumo mais seguro para este assunto.

Com a palavra o especialistas práticos – que ao longo dos anos mostraram-se tecnicamente por demais capazes, mas politicamente verdadeiras nulidades.

Cosmo Palasio de Moraes Jr.
Técnico de Segurança do Trabalho
02/05/01 22:20:53
Matéria cedida pelo Professor Tarcílio Dias

quinta-feira, 10 de março de 2011

Os 14 pontos de Deming

William Edwards Deming foi um estatístico que nasceu nos Estados Unidos no ano de 1900. 

Colaborou com a melhoria dos processos produtivos nos Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial. Mas sua fama internacional se deu em 1950, no Japão, onde mostrou aos executivos de lá como melhorar projetos, qualidade dos produtos, teste e vendas através de métodos estatísticos como anásilses de variantes de testes de hipóteses.

Criou 14 pontos para gestão, em busca da Qualidade Total. Devem ser constantemente aperfeiçoados, e ainda servem como referência aos gestores de hoje. São eles:
  1. Criar constância de propósito de aperfeiçoamento do produto e serviço, a fim de torná-los competitivos, perpetuá-los no mercado e gerar empregos.
  2. Adotar uma nova filosofia. Vivemos numa nova era econômica. A administração ocidental deve despertar para o desafio, conscientizar-se de suas responsabilidade e assumir a liderança em direção à transformação.
  3. Acabar com a dependência de inspeção para a obtenção da qualidade. Eliminar a necessidade de inspeção em massa, priorizando a internalização da qualidade do produto.
  4. Acabar com a prática de negócios compensador baseado apenas no preço. Em vez disso, minimizar o custo total. Insistir na idéia de um único fornecedor para cada item, desenvolvendo relacionamentos duradouros, calcados na qualidade e na confiança.
  5. Aperfeiçoar constante e continuamente todo o processo de planejamento, produção e serviços, com o objetivo de aumentar a qualidade e a produtividade e, conseqüentemente, reduzir os custos.
  6. Fornecer treinamento no local de trabalho.
  7. Adotar e estabelecer liderança. O objetivo da liderança é ajudar as pessoas a realizar um trabalho melhor. Assim como a liderança dos trabalhadores, a liderança empresarial necessita de uma completa reformulação.
  8. Eliminar o medo.
  9. Quebrar as barreiras entre departamentos. Os colaboradores dos setores de pesquisa, projetos, vendas, compras ou produção devem trabalhara em equipe, tornando-se capazes de antecipar problemas que possam surgir durante a produção ou durante a utilização dos produtos ou serviços.
  10. Eliminar slogans, exortações, e metas dirigidas aos empregados.
  11. Eliminar padrões artificiais (cotas numéricas) para o chão de fábrica, a administração por objetivos (APO) e a administração através de números e metas numéricas.
  12. Remover barreiras que despojem as pessoas de orgulho no trabalho. A atenção dos supervisores deve voltar-se para a qualidade e não para números. Remover as barreiras que usurpam dos colaboradores das áreas administrativas e de planejamento/engenharia o justo direito de orgulhar-se do produto de seu trabalho. Isso significa a abolição das avaliações de desempenho ou de mérito e da administração por objetivos ou por números.
  13. Estabelecer um programa rigoroso de educação e auto-aperfeiçoamento para todo o pessoal.
  14. Colocar todos da empresa para trabalhar de modo a realizar a transformação. A transformação é tarefa de todos.
 Deming voltou aos Estados Unidos e morreu aos 93 anos em Washington, DC.

Fonte: Wikipedia
Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/W._Edwards_Deming - Acessado em 10 mar 2011

sexta-feira, 4 de março de 2011

Fontes confiáveis na internet


A internet é uma ótima fonte de consultas. Puxando a sardinha para o nosso prato, este blog é um exemplo disso. Mas nem tudo que reluz é ouro.

Existe, na verdade, uma gama muito grande de besteiras disponíveis. Muito maior que o aproveitável. Precisamos, por isso, aprender a procurar o que é válido para nossas necessidades.

Existem materiais disponíveis, de grande valor cultural e teórico, que quase ninguém sabe. E esse material é disponibilizado pelo MEC, através de um portal na internet, onde, só de literatura, existem mais de 700 títulos.

E o melhor de tudo: é GRÁTIS!!!

Para quem se interessar pelos mais variados assuntos disponibilizados, acesse:


Espero que seja tão útil para vocês quanto é para mim.

terça-feira, 1 de março de 2011

Estudo de Caso: Criatividade versus Regulamentação na 3M

CRIATIVIDADE VERSUS REGULAMENTAÇÃO NA 3M

                Em seus 100 anos de existência, a companhia americana 3M confiou em uma fórmula segura de crescimento: contratar cientistas de primeira linha, fornecer a cada um deles grande verba e dar-lhes tempo para fazer o que quiserem. Essa política sempre foi uma das chaves do sucesso da empresa. Desde lixas, fitas adesivas, fitas magnéticas e papéis adesivos “temporariamente permanentes” até isolantes e produtos de alta tecnologia, seus produtos trouxeram-lhe a reputação de uma das grandes inovadoras.
Essa capacidade de inovação reflete-se na estrutura de suas receitas. No ano 2000, a 3 M gerou 5,6 bilhões de dólares de receitas de vendas com produtos que não existiam quatro anos antes. Esse número corresponde a exatamente um terço de sua receita total de vendas desse ano.

MCNERNEY ASSUME A 3M

No começo do ano de 2001, W. James McNerney assumiu os cargos de presidente do conselho de administração e presidente executivo da 3 M. Trazido da General Electric, McNerney foi o primeiro executivo de fora a assumir a direção da empresa, complanos ambiciosos de redução de custos e aumento do faturamento. A partir de 2002, em 10 anos ou menos, a 3M deveria duplicar o desempenho recorde de 2000. No passado, 15 anos haviam sido necessários para realizar esse feito.
Depois de demitir 6000 pessoas em 2001, McNerney planejava cortar outras 2,5 vagas em 2002 e reduzir despesas em $ 1 bilhão. As vendas do grupo haviam caído no último trimestre de 2001, embora o lucro líquido tivesse crescido. O desempenho global das vendas e dos lucros, no entanto, havia diminuído desde a chegada de McNerney. A receita de vendas havia caído mais velozmente do que em qualquer outro período dos últimos 30 anos. A unidade de produtos de saúde da 3M vinha crescendo rapidamente, mas as vendas de telecomunicações caíram muito.
Para atingir suas metas de aumentar as vendas anuais em 11% e os lucros operacionais em 12%, quase o dobro da taxa da última década, a 3M deveria realizar uma série de aquisições de porte razoável e envolver-se profundamente no setor de serviços. No entanto, como diversas companhias haviam descoberto, as compras de empresas nem sempre compensam. Além disso, a 3 M tinha pouca experiência em fazer negócios além da compra de nichos. Mais ainda, o catálogo de produtos de baixo valor da 3M não se prestava ao desenvolvimento de serviços afins.

GESTÃO DA EFICIÊNCIA

Baseando-se em cortes de custos e melhorias de eficiência, a 3M havia conseguido transitar eficazmente durante 2001. Algumas semanas depois de assumir a direção da empresa, ele anunciou a demissão de 5 mil dos 75 mil empregados da 3M. Ele também instituiu um programa de economia na gestão de processos. Por exemplo: a 3M perdia $ 1 milhão por ano porque seu produto cerâmico, usado em trabalhos dentários, às vezes rachava. Uma reavaliação mostrou que o material não tinha sido curado de maneira apropriada e o problema foi resolvido. A 3M também começou a fazer compras globais combinadas, para obter preços mais baixos. 
Essas medidas tiveram o efeito de conseguir confiança na gestão de McNerney. Em plena recessão, a empresa tivera bom desempenho. Os resultados financeiros atestavam sua capacidade. A 3M havia acumulado quase $ 400 milhões em caixa em setembro de 2001, um avanço de 45% em relação ao começo do ano. Analistas do mercado estavam otimistas com os planos de longo prazo de McNerney, embora considerassem que sua implementação não seria fácil.

GESTÃO A INOVAÇÃO

A história de inovação de sucesso certamente havia impressionado McNerney, mas parecia insuficiente para implementar seus planos. Ele dizia que, mesmo com um orçamento de $ 1 bilhão e 7 mil funcionários, o laboratório de pesquisa e desenvolvimento da 3M não seria capaz de gerar o crescimento pretendido.
As estratégias de McNerney corriam o risco de sufocar a elogiada criatividade da 3M. Ele e sua equipe executiva já estava definindo onde os dólares de pesquisa e desenvolvimento deveriam ser gastos e estabelecendo padrões uniformes de desempenho para toda a 3M. Isso ia contra a tradição da empresa de dar liberdade aos chefes de unidades de negócios.
Os veteranos da 3M, de forma geral, apoiavam McNerney, admitindo que nem sempre o dinheiro havia sido gasto com sabedoria. O novo chefe dizia que entendia a necessidade de equilíbrio:
- Minha tarefa é conseguir escala num ambiente empresarial em rápida transformação. Se eu acabar matando esse espírito empresarial, terei fracassado.
E, no entanto, ele iria precisar de toda a energia criativa que a 3M pudesse arregimentar para recuperar o crescimento quando a recessão terminasse. Muitos analistas do mercado acreditavam que a 3M poderia crescer um ponto percentual apenas aumentando a eficiência na criação e no lançamento de produtos. Esse processo, segundo McNerney, deveria produzir resultados com os lançamentos de 2002.







QUESTÕES PARA REFLEXÃO
(Respostas de Flávio Pereira Gualdi - 1º semestre/2010)

1-              De que forma a inovação encaixa-se nos planos do novo presidente para a empresa?

O novo presidente da 3M, McNerney, usou como inovação a definição de padrões uniformes de desempenho, definindo limites de gastos nos setores de pesquisa e desenvolvimento.
Assim, planejou o aumento da eficiência nos processos de criação e lançamento dos produtos.


2-              Em sua opinião, qual modelo de organização o novo presidente encontrou ao chegar na 3M? Qual o modelo de organização o novo presidente estava pretendendo implantar? Até que ponto esse modelo era adequado para o tipo de ambiente em que a 3M atua?

Chegando à 3M, McNerney encontrou uma organização do tipo orgânico, onde os gastos eram descontrolados, tanto na área de recursos humanos quanto na área de pesquisas e compra de insumos.
Suas intenções eram de implantar um sistema mais mecanicista, negociando compras globais, baixando assim o custo dos materiais de consumo, cortando gasto excessivo com pessoal, com a demissão de mais de 6 mil pessoas. Também impôs limites nos gastos com pesquisas, e passou a gerir processos de forma mais econômica.
Esse novo modelo ameaçou sufocar a criatividade da empresa, marca registrada da 3M. Foi preciso coragem, braço forte e liderança da parte de McNerney, para superar os obstáculos impostos pelas condições que o antigo  modelo deixou.

3-              Gastar o dinheiro dedicado à inovação “nem sempre com sabedoria” pode ser o resultado de algum tipo de disfunção organizacional? Identifique a disfunção, se for o caso, ou indique outra possibilidade.

O que percebi, neste caso, foi uma falta de planejamento e controle sobre os gastos com pesquisas, onde os pesquisadores tinham grande verba disponível, bem como liberdade para usarem essa verba indiscriminadamente. Gerir esses recursos é função da organização. Logo, percebemos uma disfunção organizacional, pela falta de burocracia percebida nos modelos organizacionais orgânicos.


4-              Se você trabalhasse na área de inovação da 3M, como reagiria à política do novo presidente?

Com certeza a primeira impressão seria de desconforto, uma vez que minhas possibilidades seriam reduzidas, e meu trabalho mais controlado e fiscalizado.
Uma adaptação ao novo sistema seria inevitável, a fim de permanecer exercendo minhas funções.
Aumentaria, também, minha cautela para com as novas pesquisas, com intuito de minimizar gastos, tornando assim cada pesquisa mais eficiente, sem perder a eficácia.

5-              Se você trabalhasse em uma área como finanças, recursos humanos, produção ou tecnologia da informação da 3M, como reagiria à política do novo presidente?

Na área de finanças, teria uma boa impressão, pois a nova gestão está preocupada com a redução de gastos, corte de superficiais, trazendo segurança financeira para a empresa.
Já na área de RH, a impressão não seria assim tão boa, pois para atingir suas metas, McNerney reduziu drasticamente o número de funcionários da empresa, causando uma grande baixa nos recursos humanos da empresa, causando grande desconforto no setor.
Mas tanto a área de produção quanto a de tecnologia da informação também são afetada positivamente, visto que as reduções de gastos viabilizam um maior controle da qualidade dos produtos, e permitem investimentos em tecnologia.

6-              Você preferiria trabalhar na área de inovação da 3M ou em outra área? Justifique sua resposta.

Gosto da área organizacional. Gosto, portanto, da administração como um todo. Trabalhar na área de inovação faz parte do trabalho de todo bom administrador, pois são essas inovações que fazem com que possamos vencer os desafios de administrar.

7-              Em resumo, qual o impacto previsível dos planos do novo presidente sobre a capacidade de inovação da empresa?

A capacidade de inovação da 3M vai cair indubitavelmente, pois os limites impostos são comprometedores à área.
Mas isso vai gerar, a longo prazo, uma maior estabilidade e comprometimento dos seus funcionários, permitindo que a empresa se mantenha bem estruturada no mercado.