Ética não é modismo
Muito se tem falado sobre ética atualmente. Parece-me que o assunto é quase uma
novidade no mercado e o pensamento de uma grande maioria é de que se trata
apenas de mais um “modismo”. Seria a ética uma onda passageira que arrastaria
as organizações para um processo de revisão de seus procedimentos internos e
externos nos âmbitos social, cultural, de convívio com clientes, fornecedores e
acionistas diante de uma crise mundial ora instaurada?
Mero engano. O tema que a princípio
parece ser recente e superficial em alguns círculos é mais antigo e profundo do
que se imagina. Se levarmos em consideração a origem do termo, ética representa
mais que a essência do como devemos agir para atingir um objetivo ou meta, ou
melhor, dentro de quais princípios devemos nortear nossas decisões. A
incansável busca do homem para conseguir sua realização, o seu equilíbrio
psicofísico, enfim, ter uma vida virtuosa, vai ao encontro a desses conceitos
de caráter ético debatidos exaustivamente por grandes filósofos, desde os
tempos de Sócrates há cerca de 400 a.C. A partir de então, foram surgindo novas
correntes filosóficas sobre a ética, porém, sempre dentro de um propósito único
que é a definição da maneira de agir do ser humano (único ser vivo capaz de
demonstrar tais comportamentos dentro da visão ética) e de se relacionar com o
meio em que vive.
Diferentemente da moral, mas
estreitamente relacionada ao termo, é através da ética que o indivíduo é levado
ao seu momento de introspecção, ou seja, ele se volta para o seu próprio íntimo
fazendo um auto-exame de consciência e avaliando os reflexos de suas atitudes e
comportamentos perante a sociedade que o circunda. Afinal, a atitude ética é
necessária em qualquer segmento, seja na vida profissional ou pessoal.
Processos de mudanças
Ao longo dos anos, a sociedade de um
modo geral vem passando por transformações comportamentais que
conseqüentemente, influenciaram as empresas a passarem por processos de
mudanças em relação à sua atuação e os impactos gerados por elas. Tais mudanças
são fundamentais para que essas empresas sobrevivam em um mercado globalizado,
como o atual, isto é, se realmente estas empresas estiverem de fato dispostas a
se tornarem competitivas e sobreviverem.
Já não existe espaço para as empresas
que não se engajam no que diz respeito a sustentabilidade e responsabilidade
sócio-ambiental, pois os consumidores estão mais exigentes e conscientes do
papel das organizações nestas questões, o que gera uma certa pressão para que
elas atuem de maneira sustentável.
A ética inserida nos planos estratégicos das empresas
Então, o “agir correto” deixou de ser
tratado apenas como mais um “artigo de perfumaria”, é um tema que agora está
inserido em planos estratégicos empresariais e em alguns casos faz parte até
mesmo das metas a serem atingidas pelas equipes de trabalho. É dever de todos
nas instituições, manter a boa imagem da empresa perante a sociedade através da
boa conduta de seus funcionários tanto com os clientes internos quanto
externos.
O papel da área de Recursos Humanos
É neste cenário de mudanças que o
papel da área de Recursos Humanos (RH) tem sido de fundamental importância.
Desmistificar o assunto e disseminar a importância da ética - adotando-a muitas
das vezes como um valor institucional - que está relacionada a ações e
comportamentos bons de todos os funcionários da organização, alinhando todos os
níveis hierárquicos, convocando-os a participarem democraticamente da
elaboração e implantação de um código de conduta interno, são formas de
comprometer e envolver a organização como um todo, para juntos caminharem em consonância
com os ideais, valores e missão da empresa.
Cabe neste caso ao RH o papel de
mediador dessas questões. É o RH que possui as ferramentas para o envolvimento
das pessoas, convocando-as e incentivando-as a se comprometerem com o processo
de implementação de uma nova cultura organizacional.
Neste novo cenário o RH ganha uma
posição de destaque, pois agora assume um papel mais estratégico nas
organizações, funcionando como uma espécie de elo de ligação entre as áreas,
atuando verdadeiramente como agente ativo nos processos que envolvam as pessoas
e deixando de lado aquela visão antiga de RH operacional, na qual o setor era
visto apenas como um gerador de custos e sinônimo de demissões.
Marcelo Ribeiro Rocha é
formado em Engenharia Civil, com MBA em Gestão Estratégica de Pessoas pelo
Centro Universitário UNA - Belo Horizonte - Minas Gerais. Trabalha há 20
anos no Banco Mercantil do Brasil, onde atua como Supervisor de
Informações Gerenciais de RH da Gerência de Capital Humano.
Disponível em: http://www.expm.org.br/noticias/etica-e-politica/o-papel-da-etica-no-rh-das-organizacoes/
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